"EU", ou NÓS?

Ontem vi milhares de torcedores do “Glorioso” com suas majestosas camisas e com um brilho no olhar que já há muito tempo não se via. É sempre assim! Não importa a bandeira, quando o time ganha nós vestimos nossas camisas que às vezes já mofava no camiseiro. Também vi muitos outros censurando os botafoguenses. Nos momentos políticos nos comportamos assim. No auge eleitoreiro, expressamos toda nossa indignação com políticos corruptos e sem vergonha e logo depois votamos em outros da mesma linha, ou, “farinha do mesmo saco”, como dizemos no nordeste. Reclamamos pela falta d’água que é constante em algumas regiões de nossa cidade, mas em momento algum tomamos decisões conjuntas para abrir os olhos dos administradores para um pequeno problema que já se transformou em rotina para tantos consumidores que tem seus recibos pagos em dia. Estamos unimos no combate a Dengue por que, e com certeza, diz respeito direto a cada um de nós. Vibramos juntos com seleção nacional no período da copa, pois é um laço de berço patriota que nos une, e mesmo assim tem muitos torcendo ao contrário. Por que só expressamos a alegria quando é do meu particular ou do conjunto, mas nunca ficamos alegres com a vitória dos outros? Por que estamos sempre correndo para defender o meu totalitarismo e nunca vislumbramos o total de fato real? Por que só estamos unidos nos momentos de dor (quando perdemos alguém em comum; por exemplo) ou nas grandes conquistas? Será que não conseguimos torcer pelos outros, vibrar pelos outros, empunhar a bandeira da igualdade e lutar também pelas questões alheias como se fora nossa? A vida é bem mais que um simples “EU”. Torcer, lutar, ajudar alguém a alcançar seus objetivos por mais humildes que seja é um ato irrevogável de compreensão do compromisso humano.